Esta pesquisa analisou como as políticas sociais influenciaram as estratégias de enfrentamento de famílias agrícolas vulneráveis afetadas pelas mudanças climáticas. Eles investigaram a interação entre os choques de renda causados por secas extremas e os benefícios do Programa Bolsa Família brasileiro, com foco em como esses fatores influenciaram as decisões de migração de indivíduos altamente expostos. Indo além dos modelos tradicionais que observavam eventos climáticos extremos e padrões de migração entre divisões administrativas, eles desenvolveram uma metodologia inovadora para analisar a migração tanto dentro quanto entre municípios brasileiros. Eles utilizaram dados históricos de precipitação em alta resolução em pequenas unidades de grade (0,05º por 0,05º) e coordenadas geográficas dos endereços das famílias.

Os resultados revelaram que migrações de curta distância, dentro dos municípios de origem, foram cinco vezes mais prevalentes do que as de longa distância, entre municípios. Eles estimaram um painel com milhões de produtores agrícolas vulneráveis de 2015 a 2020. Constatou-se que os benefícios sociais puderam tanto favorecer quanto reduzir a probabilidade de migração individual, dependendo do nível de exposição às secas. Indivíduos expostos ao 1% das secas históricas mais severas utilizaram, em média, os benefícios sociais para aumentar a migração; enquanto aqueles expostos ao percentil de 10% das secas utilizaram o benefício social como uma estratégia de resiliência, atenuando a migração. Esse efeito foi particularmente pronunciado entre os beneficiários e heterogêneo de acordo com as características individuais. Por outro lado, o mecanismo de amortecimento dos programas sociais tendeu a manter indivíduos vulneráveis em locais com infraestrutura socioeconômica mais precária em comparação com seus pares migrantes.

Centro de Estudos Empíricos em Economia (CEEE)

Pesquisador: Valdemar Rodrigues de Pinho Neto

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