Intervenção na gestão de resíduos para impulsionar a economia circular e mitigar as mudanças climáticas em cidades de países em desenvolvimento: o caso do Brasil
Inovações na Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (GRSU) podem fortalecer a conexão entre a economia circular (EC) e as mudanças climáticas (MC), uma vez que ambas apresentam múltiplos trade-offs, especialmente em países em desenvolvimento. Estudos identificam as principais barreiras à inovação na GRSU que limitam o avanço para uma economia mais circular e respostas climáticas mais eficazes, mas pouco se sabe sobre os possíveis caminhos para a inovação.
Assim, este artigo tem como objetivo identificar os principais fatores facilitadores da inovação na GRSU. Foram selecionados quatro municípios brasileiros que apresentaram ações altamente inovadoras na gestão de resíduos sólidos urbanos, capazes de reduzir os trade-offs entre EC e MC. Com base na análise do desempenho econômico, ambiental e operacional dessas quatro experiências, observou-se uma redução de até 90% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE – CO₂eq por habitante) e custos menores de gestão de resíduos por habitante em comparação à média nacional.
Quatro fatores principais possibilitaram essas inovações e aceleraram as transições para uma economia mais circular e de baixo carbono nos municípios: (i) capacidade local, (ii) colaboração intergovernamental, (iii) gestão de resíduos com parceiros locais e (iv) educação ambiental que promove participação social.
Esta pesquisa contribui para o desenvolvimento de um método capaz de identificar fatores facilitadores em diferentes níveis do sistema e propor abordagens tecnológicas e práticas que impulsionem a inovação na gestão de resíduos sólidos urbanos. Tais medidas podem servir de subsídio para disrupções circulares e como base para intervenções em GRSU, especialmente em países em desenvolvimento.
Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP)
Pesquisador: José A. Puppim de Oliveira