Indivíduos em Governança Colaborativa para Gestão Ambiental
Analisar o efeito de participantes individuais em processos de governança colaborativa na gestão ambiental tem sido um desafio, devido à falta de arcabouços teóricos e limitações de dados. Este estudo utiliza o método de comparação de padrões (pattern matching) para contrastar a teoria da identidade com dados originais de sete indivíduos envolvidos em iniciativas de gestão de resíduos e agricultura urbana em Florianópolis, Brasil.
O que começou como uma iniciativa auto-organizada para lidar com um problema ambiental — decorrente da precariedade dos serviços de gestão de resíduos — evoluiu até se tornar uma política pública em escala municipal. Os resultados demonstram que, à medida que a colaboração se desenvolvia, os participantes individuais do governo municipal transitaram entre papéis, organizações e departamentos, o que influenciou seu impacto no processo colaborativo segundo dois estilos de transição:
- Integradores, que acumulam e sobrepõem diferentes funções;
- Segmentadores, que alinham seus papéis de forma clara a contextos específicos, evitando ambiguidades.
Enquanto os integradores foram fundamentais para aumentar a diversidade setorial durante a fase inicial da colaboração, promovendo ações inovadoras, os segmentadores contribuíram para formalizar a colaboração por meio de arranjos institucionais adequados. Contudo, o sucesso da colaboração após a institucionalização dependeu tanto do estilo de transição individual quanto do poder de agência dos agentes municipais para influenciar o processo colaborativo.
Esses achados trazem implicações relevantes para a adaptação de arranjos colaborativos diante de mudanças contextuais associadas a desafios ambientais urbanos.
Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP)
Pesquisador: José A. Puppim de Oliveira