Como as Redes Municipais Transnacionais podem promover regimes de governança colaborativa local para a gestão ambiental?
Embora exista uma ampla literatura sobre Redes Municipais Transnacionais (RMTs) e Regimes de Governança Colaborativa (RGCs) voltados para enfrentar as mudanças ambientais, poucos estudos abordam as RMTs como agentes exógenos que impulsionam dinâmicas locais de RGCs. As RMTs emergiram como atores importantes na governança multinível, oferecendo estruturas formais para que governos locais compartilhem boas práticas, acessem financiamentos e influenciem a arena internacional de políticas sobre mudanças ambientais globais.
Argumentamos que as RMTs também desempenham um papel fundamental na ativação dos RGCs e no fortalecimento das quatro dimensões da Capacidade para Ação Conjunta (CAC) identificadas na literatura: arranjos estruturais, liderança, conhecimento e aprendizado, e recursos.
Com base em evidências empíricas, obtidas por meio de entrevistas semiestruturadas e análise de dados (2014–2021), investigamos como as RMTs desenvolveram capacidades e facilitaram o surgimento de um RGC no caso da iniciativa de gestão de resíduos e compostagem em Gangtok, Índia. Nesse contexto, duas RMTs desenvolveram uma ferramenta metodológica (toolkit) para permitir que o governo local avaliasse riscos climáticos no contexto de urbanização, pobreza e vulnerabilidade na Ásia.
Além disso, em determinado momento, os atores locais passaram a fornecer conhecimento às próprias RMTs, que o disseminaram entre outros governos locais, ativando novos RGCs — como o caso de Gangtok, que hoje atua ativamente compartilhando seu conhecimento sobre compostagem e ações climáticas com outras cidades.
Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP)
Pesquisador: José A. Puppim de Oliveira