Pesquisadora destaca desafios e oportunidades dos fundos de previdência aberta em debate na COP30
No dia 14 de novembro, a Casa do Seguro na COP30 recebeu o painel “Fundos de Previdência Complementar Aberta e Financiamento Climático”, que reuniu especialistas para analisar o papel dos fundos de previdência aberta na mobilização de capital de longo prazo para a agenda climática no Brasil. O debate contou com a participação da pesquisadora da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), Annelise Vendramini, que debateu junto aos outros especialistas os riscos de transição e riscos físicos, critérios de alinhamento climático, desafios regulatórios e perspectivas de financiamento sustentável para os próximos anos.
Annelise Vendramini apresentou os resultados de um estudo desenvolvido em parceria com o conglomerado Caixa e o iCS. A análise combinou diagnóstico da alocação climática das carteiras, avaliação do ambiente regulatório e autorregulatório, e entrevistas com gestores, reguladores e atores do mercado.
Os dados identificaram que, em média, entre 10% e 12% do patrimônio líquido dos fundos de previdência aberta está hoje alinhado à pauta climática, evidenciando um espaço relevante para expansão dessa alocação. Segundo Annelise, “a combinação entre análise regulatória, diagnóstico das carteiras e escuta qualificada do mercado foi essencial para entender a complexidade do tema e os caminhos possíveis para ampliar a alocação em sustentabilidade.”
Em sua apresentação, a pesquisadora destacou que a oferta de ativos sustentáveis ainda é limitada, tanto em volume quanto em qualidade, e que a baixa transparência de informações climáticas dificulta a avaliação de risco por parte dos investidores.
O estudo identificou, ainda, pressões de curto prazo sobre gestores, mesmo em produtos com vocação de longo prazo, e apontou que o arcabouço regulatório brasileiro já abre espaço para a incorporação de critérios ESG, desde que acompanhada por práticas de transparência e mitigação de greenwashing.
A discussão do painel reforçou que o avanço da agenda de financiamento climático depende da ampliação da oferta de instrumentos financeiros sustentáveis, da melhoria na qualidade dos dados divulgados e da consolidação de referências regulatórias alinhadas às melhores práticas internacionais.
Marcaram presença neste debate o CEO da Caixa Seguridade, Gustavo Portela; o CEO da Caixa Vida e Previdência, Jean-Christophe Hamery; e a presidente do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Maria Netto.
Os especialistas ressaltaram ainda que títulos soberanos sustentáveis, marcos normativos atualizados e maior padronização de informações podem fortalecer o ambiente para canalização de capital privado em iniciativas de mitigação e adaptação climática.
É possível assistir ao painel na íntegra neste link.
A cobertura completa da participação da Fundação Getulio Vargas na COP30, incluindo agendas, conteúdos exclusivos e contribuições institucionais para a ação climática global, está disponível na Plataforma Agenda do Clima FGV.