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Pesquisadores da FGV debatem estratégias para proteger territórios na COP30

Painel reuniu lideranças e pesquisadores para discutir justiça climática e resiliência em territórios tradicionais.
Pesquisadores da FGV debatem estratégias para proteger territórios na COP30

Na manhã desta quarta-feira (12), o painel “COP30 na Amazônia: Caminhos para proteção de territórios e enfrentamento às mudanças do clima”, realizado no espaço COP do Povo, trouxe reflexões sobre estratégias para enfrentar eventos extremos e garantir a resiliência climática em territórios tradicionais da Amazônia, região marcada por pressões históricas e ameaças crescentes.

Organizado em parceria pela Rede de Monitoramento Territorial Independente (Rede MTI), Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGVces), Gerência de Monitoramento Territorial Indígena da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (GEMTI/COIAB), Articulação Agro é Fogo e Coalizão Florestas e Finanças, o evento reuniu lideranças indígenas, representantes da sociedade civil e pesquisadores para compartilhar aprendizados concretos do enfrentamento à seca extrema, aos incêndios criminosos e ao desmatamento que atingiram a Amazônia entre 2023 e 2024.

Os painelistas destacaram que medidas efetivas para enfrentar esses desafios devem partir do diálogo e da construção conjunta entre povos e comunidades diretamente impactados, organizações da sociedade civil e poder público. Essa abordagem, que foi consenso entre os participantes, é essencial para garantir respostas que atendam às demandas locais, superem barreiras logísticas e fortaleçam estratégias desenvolvidas nos territórios, ampliando a capacidade de resiliência climática.

Entre as soluções apresentadas, foram citadas ações de monitoramento territorial independente, vigilância indígena, brigadas comunitárias para combate e manejo do fogo e vigilância popular em saúde, essas iniciativas permitem acompanhar impactos sobre os territórios e utilizar informações para incidência política e proteção territorial.

A pesquisadora Kena Chaves, do FGVces, reforçou a importância da articulação entre diferentes atores:

“Por meio do diálogo e da atuação conjunta entre povos e comunidades, organizações da sociedade civil, universidades e órgãos do poder público será possível ampliar a escala e a efetividade das medidas para enfrentamento aos impactos das mudanças do clima, em busca de preparar os territórios e ampliar as capacidades locais e regionais para enfrentamento a futuros eventos extremos e efetivação da justiça climática. Para tanto, é preciso superar vulnerabilidades e desigualdades históricas, sobretudo no acesso a recursos e infraestrutura, e garantir direitos.”

Já Eric Macedo, também pesquisador do FGVces, destacou a necessidade de garantir representatividade nos espaços de decisão:

“As reflexões apontam que é preciso incluir representantes de povos indígenas, comunidades tradicionais, quilombolas e da agricultura familiar nos espaços oficiais das negociações políticas da COP30, e reconhecer os conhecimentos, planos e estratégias construídos localmente, a partir de uma abordagem territorial, para enfrentamento aos desafios climáticos. Por meio da garantia de participação social, do reconhecimento e da representação desses sujeitos será possível avançar em compromissos mais efetivos para enfrentamento aos grandes e complexos desafios da agenda climática.”

Macedo também ressaltou que o papel da pesquisa para garantir que essas vozes sejam consideradas nos processos globais de decisão:

“Uma pesquisa ética, democrática e dialógica tem o potencial de contribuir para o encontro respeitoso entre conhecimentos tradicionais e científicos, favorecendo a construção coletiva de caminhos para superação dos desafios das mudanças do clima e a efetivação da justiça climática, aliada à garantia de justiça epistêmica.”

O evento foi transmitido ao vivo pelo Youtube. Assista aqui. 

A cobertura completa da participação da Fundação Getulio Vargas na COP30, incluindo agendas, conteúdos exclusivos e contribuições institucionais para a ação climática global, está disponível na Plataforma Agenda do Clima FGV.

Subtítulo
Painel reuniu lideranças e pesquisadores para discutir justiça climática e resiliência em territórios tradicionais.
Data
2025-11-12T12:00:00