Professor da FGV coordena agenda unificada do agro brasileiro rumo à COP30
Enviado Especial para Agricultura na COP30, Roberto Rodrigues lidera articulação de documento estratégico com foco em sustentabilidade, inovação e protagonismo do Brasil no agronegócio internacional. O agrônomo e professor emérito da Fundação Getulio Vargas Roberto Rodrigues foi nomeado Enviado Especial para Agricultura na COP30.
Com mais de seis décadas dedicadas ao setor, ele lidera a construção de um documento estratégico que reunirá propostas do agronegócio brasileiro para a conferência climática, a ser realizada em Belém, em novembro de 2025.
Em entrevista à Rede de Pesquisa e Inovação da FGV, o professor detalhou a estrutura do documento, que está sendo elaborado em parceria com o Instituto Pensar Agro (IPA) e 54 entidades do setor. Segundo Rodrigues, o objetivo é construir uma voz única para o agro brasileiro.
A proposta será dividida em três partes: um histórico das conquistas da agricultura tropical brasileira sob o ângulo tecnológico; diretrizes para cooperação internacional e expansão sustentável; e o reconhecimento de desafios sistêmicos, como o desmatamento ilegal e o garimpo clandestino.
Além do documento, Rodrigues também coordena a organização de dois seminários temáticos durante a COP30: um sobre agroenergia, destacando a matriz energética brasileira, e outro sobre emissão de metano e pecuária, com foco na ciência por trás do sequestro de carbono em pastagens bem manejadas.
Para ele, a nomeação representa o entendimento de que tem uma trajetória marcada pelo cooperativismo e atuação internacional. “Minha história é uma história de dedicação ao agro. Fui presidente de diversas entidades e viajei por mais de 80 países estudando agricultura e cooperativismo”, afirmou Rodrigues que também foi coordenador do FGV Agro.
Rodrigues destaca que o principal desafio na agenda do agro para a COP30 é harmonizar os interesses entre as cadeias produtivas. “O que interessa ao produtor de algodão pode não interessar ao da pecuária. Mas o objetivo é construir uma voz única para o agro brasileiro”.
Defensor histórico da sustentabilidade no campo, ele reforça que ciência e tecnologia são os pilares para enfrentar as mudanças climáticas. “Nossa agricultura sustentável exporta para quase 200 países. A tecnologia triplicou a produção nos últimos 20 anos e gerou sustentabilidade, ou seja, nossa presença internacional é muito mais forte por conta da tecnologia que gerou sustentabilidade na produção”.
Ao projetar o papel do Brasil na COP30, Rodrigues é enfático: “Estamos entrando em uma era de incerteza geopolítica. Segurança alimentar, transição energética, mudanças climáticas e desigualdade social são os quatro cavaleiros do apocalipse. O agro pode acabar com a fome e contribuir com a paz mundial. O Brasil montou uma estratégia adequada para esse enfrentamento e precisa assumir esse papel.
Na COP30, vamos mostrar o que já fizemos e buscar o protagonismo a nível mundial que nunca tivemos.” Coordenando um fórum com diversas instituições voltadas ao desenvolvimento sustentável, ele busca ampliar o engajamento da sociedade civil, da academia e do setor privado. “A COP é no Brasil e na Amazônia, mas é uma COP do clima. Minha expectativa é convencer o mundo de que precisamos enfrentar os desafios globais para alcançar a paz, reduzir desigualdades e proteger o meio ambiente.”
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