Além dos empregos: quando cidadãos rejeitam investimentos estrangeiros socialmente irresponsáveis
O estudo investigou as preferências individuais em relação a investimentos estrangeiros diretos (IED) considerados socialmente irresponsáveis, por meio de um experimento de atributos conduzido no Brasil — um dos principais destinos de fluxos internacionais de capital no Sul Global. A pesquisa buscou compreender como o comportamento corrupto e ambientalmente prejudicial de empresas investidoras afeta o apoio público ao IED, mesmo diante da promessa de geração significativa de empregos em contextos econômicos desafiadores. Os resultados indicaram que práticas empresariais socialmente irresponsáveis reduzem substancialmente o apoio público ao investimento estrangeiro, inclusive entre trabalhadores altamente qualificados — grupo que tende a se beneficiar mais do IED. O estudo também demonstrou que os efeitos negativos dessas práticas superam os benefícios econômicos esperados, evidenciando a relevância das externalidades sociais na formação das atitudes públicas. Esses achados contribuem para a compreensão dos determinantes da opinião pública sobre o IED e oferecem um alerta a empresas, formuladores de políticas e à sociedade civil sobre os riscos reputacionais de priorizar ganhos econômicos em detrimento da conduta responsável.
Escola de Relações Internacionais (FGV RI)
Autor: Matias Spektor