Arabica-Canephora: Promovendo sustentabilidade, equidade e transparência na cadeia de valor brasileira do café
A expansão do agronegócio em áreas de floresta e seus impactos em desmatamento, perda de biodiversidade e violação de direitos humanos, motivaram o Conselho Europeu a lançar o Regulamento da União Europeia para Produtos Livre de Desmatamento de 2023 (EUDR), que tem como objetivo eliminar o desmatamento impulsionado pelo consumo e produção de commodities agrícolas e industriais específicas. Para isso, demanda um conjunto de regras obrigatórias de devida diligência para todos os operadores e comerciantes, a fim de rastrear as commodities até onde foram produzidas. Isso significa que empresas que buscam iniciar ou expandir negócios em mercados internacionais, como a União Europeia, devem investir em soluções inovadoras e parcerias para aumentar a rastreabilidade.
Embora os impactos negativos na cadeia de valor do café ocorram principalmente em grandes fazendas do chamado agronegócio (os maiores produtores de café em termos de volume), pequenos produtores e PMEs de elos posteriores da cadeia devem buscar o desenvolvimento de melhores práticas para integrar a produção em sistemas agroalimentares mais sustentáveis e atender às demandas dos seus compradores.
A incorporação de práticas agroecológicas e medidas de adaptação às mudanças climáticas, a oferta de boas condições de trabalho e salários dignos para os trabalhadores rurais, a adoção de critérios socioambientais para a compra de café e o uso de tecnologias de rastreabilidade são exemplos de melhores práticas necessárias para tornar as cadeias de valor do café mais sustentáveis.
É nesse contexto que o projeto Arabica-Canephora: Promovendo sustentabilidade, equidade e transparência na cadeia de valor brasileira do café se insere. Aprovada pelo edital AL-INVEST Verde da União Europeia, a iniciativa é liderada pelo FGVces, em parceria com o Collaborating Centre on Sustainable Consumption and Production (CSCP) e a International Women’s Coffee Alliance (IWCA Brasil) e busca promover uma cadeia de valor de café sustentável e livre de desmatamento no Brasil, incentivando a adoção das melhores práticas entre pequenas produtoras e PMEs lideradas por mulheres e jovens na cadeia de suprimentos de café, integrando ferramentas digitais de rastreabilidade, e envolvendo demais stakeholders para cumprir com o EUDR.
Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV (FGV EAESP)
Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (FGVces)
Pesquisadora: Ana Coelho