Crenças sobre mudanças climáticas e seus determinantes na América Latina
O estudo analisou como as crenças relacionadas às mudanças climáticas se manifestam na América Latina e quais fatores estão associados a elas. A capacidade dos céticos climáticos de bloquear ações contra as mudanças climáticas depende das crenças predominantes entre o público. Pesquisas em democracias avançadas mostram que o ceticismo quanto à existência, às causas e às consequências das mudanças climáticas está associado a características sociodemográficas e à ideologia política. No entanto, pouco se sabe sobre essas crenças em outras regiões.
O estudo buscou preencher essa lacuna ao mapear as crenças sobre mudanças climáticas e seus determinantes em países latino-americanos. Os resultados indicaram que o ceticismo quanto à existência e à origem antropogênica das mudanças climáticas é limitado, mas há um número elevado de céticos em relação à gravidade de suas consequências. Além disso, o ceticismo mostrou-se mais relacionado a fatores psicológicos do que sociopolíticos: visões de mundo individualistas, em especial, influenciam a descrença na gravidade dos impactos climáticos — um achado preocupante em contextos de baixa confiança social. Esses resultados oferecem um ponto de partida para enfrentar os efeitos restritivos do ceticismo climático no Sul Global.
Escola de Relações Internacionais (FGV RI)
Autor: Matias Spektor